Você já conheceu executivos ricos, mas fracassados. Já conheceu pessoas sem dinheiro, felizes e de bem com a vida.
Já viu pessoas que se alimentavam bem e praticavam exercício físico morrerem precocemente, ao mesmo tempo em que viu fumantes e alcoólatras viverem mais que a média e com saúde até o fim.
Você até já disse que vaso ruim não quebra.
Já conheceu histórias de artistas que lotam estádios em suas apresentações, são ovacionados em qualquer lugar que estejam, e que continuam com vazios dentro de si maiores que o mundo.
Viu gente sem tanto talento ser muito reconhecida e ter milhares de fãs, viu pessoas com muita aptidão para arte morarem na rua.
Já viu o pior aluno da sala crescer e se tornar um grande empresário. Já viu o nerd que todo mundo dizia ser o novo “Bill Gates” ter virado padeiro.
Não há nada aqui neste texto sobre desmerecimento, e sim sobre quebra de expectativas e sobre falta de padrões.
Por muitas vezes, você se perguntou: qual a lógica do mundo? E toda vez que viu alguém definindo o mundo em regras, criando padrões, se prestar bem atenção, viu que essa pessoa estava se (ou te) enganando.
Pra mim, me disseram que eu fosse um bom aluno, fizesse faculdade, me formaria com um grande salário. Foi assim durante um bom tempo, para outras pessoas. Nada do que disseram aconteceu na prática.
Como acontece com todas as verdades e padrões criados pelos homens, uma hora o mito cai por terra.
Quem simplifica o mundo ou é ingênuo demais, ou está errado de propósito, por vender soluções que resolvem problemas e fazem “mágica”.
Bem, não cabe também nos prender à complexidade do mundo e sermos travados por ela.
Apenas precisamos do pensamento crítico para entender o que está sob nosso controle e o que não está. Além disso, é necessário compreender que as regras do jogo mudam com o tempo e cada vez mais rápido.
Ao invés de focarmos em ajudar os alunos a passarem nos melhores vestibulares ou terem sucesso em carreiras que nem sabemos se existirão no futuro, podemos pensar em propósito.
Propósito tem a ver com fazer aquilo que faz nossos olhos brilhar. E por termos o envolvimento passional, temos mais disposição em persistir, aprender e ganhar maestria.
Por exemplo, se alguém ama música e desenvolve seu talento, pode se tornar um artista que diverte ou emociona alguma quantidade de pessoas.
Se a pessoa tem interesse alto por ciências e disposição em cuidar das pessoas quando estão doentes, essa pessoa pode estudar medicina ou enfermagem e poder ajudar mais pessoas.
É impossível ajudar os alunos a encontrarem o propósito, se você ainda não o encontrou
Por muitas vezes você já deve ter ouvido essa frase, “encontre a paixão”.
Comecei a reforçar a crença nela lendo livros de grandes empreendedores. Vi que os que se davam bem faziam aquilo porque amavam, e não porque desejavam bilhões.
Essa era sempre a mesma história. Faça algo que goste, não busque o dinheiro. Foque em gerar o valor, e o resto vem junto.
Ouvi um vídeo de gravação da música da minha banda favorita, Linkin Park, em que o produtor Mike repetia pro vocalista “Find the passion (Encontre a paixão)”. Ele já cantava com todo esforço, mas era como se desejasse que ele acendesse uma chama interna que o fazia ir além.
“Find the passion, find the passion”, e então ele encontrava o tom que fazia a música elevar seu nível para o estado da arte.
Isso exemplificou o que já tinha lido e ouvido sobre pessoas que atingiram um grande nível de realização profissional.
Em algum momento, você começou um projeto e, enquanto o desenvolvia, tinha algo dentro de você que palpitava forte e te fazia imaginar com empolgação o resultado?
Essa paixão é o que temos que encontrar. Quando a achamos, desfrutamos do máximo da nossa criatividade, da nossa arte e somos capazes de encantar mais pessoas. De presenteá-las com nosso melhor!
Quer uma referência disso de um ponto de vista diferente?
“A todos nós, o Senhor dá uma vocação para nos fazer descobrir os talentos e as capacidades que possuímos a fim de colocá-los ao serviço dos outros.” Papa Francisco.
Que tal?
Encontre a paixão de ensinar e ajudar os alunos a encontrarem suas paixões! O mundo precisa disso.
Não precisa por vaidade, mas por carência de arte verdadeira, que emociona, motiva e muda vidas, e faz com que as pessoas vivam por seus propósitos, e não sintam-se desanimadas quando chega o domingo à noite.
É necessário reforçar que, para ajudar os alunos a encontrarem suas paixões, você precisa estar fazendo o que ama.
Seth Godin, considerado um dos maiores especialistas em marketing no mundo, diz que é muito mais fácil trazer a sua paixão para o trabalho do que encontrar um emprego que corresponda à sua paixão.
Por isso, tente refletir e encontrar os assuntos que você mais goste. Consegue vislumbrar formas de associar ao seu trabalho?
Com criatividade, isso é algo muito possível, especialmente na educação.
Outra vantagem é que se for falar de suas paixões, os alunos tendem a se interessar e se engajar mais com a aula.
Segundo o escritor Daniel Goleman, 80% dos jovens que nasceram nos anos 2000 preferem trabalhar em uma empresa onde podem fazer diferença no mundo do que serem elogiados por suas próprias competências profissionais.
Segundo Goleman, as grandes empresas e até mesmo faculdades começam a se preparar para uma mudança de chave, onde o propósito ganha mais relevância e peso.
Veja também: Como ganhar a atenção dos alunos?
“A verdadeira felicidade e sucesso consiste em gastar nossas energias com um propósito”, William Cowper.
Ajudar os alunos a encontrar o propósito
Não é necessário criar um peso para os alunos acharem que precisam logo encontrar o seu propósito.
O foco é exatamente o contrário, é criar um clima na escola em que eles consigam conectar mais suas paixões ao aprendizado.
Por isso, é bom deixar claro que é necessário que eles tentem coisas diferentes, porque somente fazendo e executando projetos ligados a diferentes áreas eles podem encontrar as atividades que mais geram motivação interna.
Um bom exercício pode ser o seguinte: Deixe cada aluno com uma folha em branco, onde vão precisar responder à pergunta: O que você acredita ser o seu propósito de vida?
E daí eles devem dar a primeira resposta que vier à cabeça. Peça para eles continuarem escrevendo mais respostas, e mais variações.
Depois, peça para refletirem sobre as frases que escreveram, e tentar identificar quais respostas geraram mais emoções positivas.
O simples exercício pode gerar mais clareza sobre o que gera mais motivação, e a partir disso gerar discussões bem produtivas sobre o propósito.
Outra tática bem interessante é dada por Adam Leipzig, ex-executivo da Disney. Ele lista cinco perguntas a serem feitas:
1 – Quem é você?
2 – O que você faz?
3 – Para quem você faz aquilo que você faz?
4 – O que essas pessoas querem ou precisam?
5 – Como elas mudam, com o resultado do que você faz?
Veja que este exercício pode ser bom não somente para os alunos, como para toda a comunidade escolar.
Parar para fazer essas reflexões vão nos ajudar a direcionar bem as ações.
Com um propósito claro, as demais decisões relacionadas aos estudos ficam mais simples de serem tomadas.
Ter clareza sobre como desenvolver os talentos pode trazer benefícios à toda sociedade.
Com as respostas, é possível refletir bem sobre o propósito e sobre o que podemos fazer de melhor com nosso trabalho e nossos talentos.
Depois da dinâmica, selecionar alguns alunos pra falarem em público sobre seus aprendizados pode ser algo bem interessante.
E aí, disposto(a) a fazer este exercício?
Levar a dicussão para uma reunião de pais também pode ser interessante.
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