Toda história tem altos e baixos. Algumas vezes esses altos e baixos são fortes demais. Só que quando são os baixos que se sobressaem, essa história nunca nem é contada. As pessoas tornam-se invisíveis quando não tem os “altos”, apenas baixos.
Mas se a gente não parar para conhecer essas diferentes histórias, nunca poderemos entender por que muitas pessoas não conseguem realmente superar as dificuldades que passam.
Por que é muito fácil achar que, quando um aluno não dá certo, quando ele torna-se um adulto longe do seu potencial e do seu talento criativo, apenas ele sai perdendo.
Todos saem perdendo quando um aluno fracassa.
Na sociedade, somos presenteados por artistas que atingem um auge cantando músicas que contam a história das nossas vidas.
Somos presenteados por atores e atrizes que fazem a gente sentar no sofá e viajar como se estivéssemos muito longe.
Ganhamos o presente por ver um jogador de futebol – ou qualquer outro atleta – fazendo a gente viver momentos inesquecíveis em um estádio ou mesmo em casa.
Recebemos algo bom quando comemos uma comida incrível em um restaurante ou que pedimos no ifood.
Somos afortunados quando vamos ao médico e ele nos salva de uma.
Quando o professor de educação física te ajuda a criar o hábito de se exercitar e faz você sentir prazer nisso.
Somos literalmente salvos por um bombeiro quando nos vemos em situações que nunca acreditamos que iriam ocorrer conosco.
Recebemos presentes quando os cientistas descobrem uma vacina para curar aquela epidemia que podia virar o mundo de cabeça para baixo.
Nós somos presenteados o tempo inteiro. Às vezes fechamos os olhos por burrice, descuido ou por ignorância.
E o que acontece é que, toda vez que uma criança deixa de seguir o caminho que nasceu pra seguir, todos deixam de ganhar um presente. E a razão para jogarmos esse presente fora, vamos falar dela?
Para uma história ser feliz, um ciclo precisa ser quebrado
Rafael era um garoto que não respeitava ninguém. Quando contrariado, era impossível mudar de ideia e ceder, seja qual fosse a circunstância.
Muitas vezes, ele era também agressivo. Ninguém conseguia ver coisas boas nele e ter que lidar com Rafael era um peso para todos.
Ele chegava ao 7° ano, quando conheceu Juliana, professora de Geografia, que não deu muita atenção aos registros sobre o aluno.
Por todos terem essa impressão de Rafael, as pessoas na escola ficavam longe e evitavam todo o tipo de contato para não terem problemas.
Rafael era então aquele garoto com desempenho um pouco abaixo da média e que, às vezes,brigava com alunos e professores.
Juliana quis ir além no relacionamento com Rafael, porque ela não se contentava com o nível tão baixo de desenvolvimento que ele alcançava.
Quebrando o ciclo – para a educação transformar a sociedade
No dia do aniversário de Rafael, Juliana quis fazer uma surpresa. Ela ligou para a mãe de Rafael para perguntar o que a criança mais gostava, e então conseguiu o livro autografado pelo youtuber favorito dele.
Ela o chamou para a sala reservada, quando ele fez uma cara de péssimos amigos. Imaginando que teria com a professora as mesmas discussões de sempre.
Rafael, tenho notado que você não anda tão feliz com as minhas aulas. Nunca presta atenção. Posso imaginar que as aulas estão bem desinteressantes, certo?
Não gosto. E também não gosto de geografia.
Entendi…então, na verdade, eu procurei saber o que você gosta e quero te dar um abraço e um presente de aniversário, posso?
Rafael não falou nada, mas assentiu como se estivesse fazendo um sacrifício em deixar ser abraçado.
Tive um pouco de trabalho pra conseguir este livro, mas eu espero que goste.
Quando Rafael viu o livro, a sua expressão totalmente desinteressada mudou. Parecia agora a expressão de alguém que sentia culpa. De alguém que recebeu um carinho sem merecer.
Além de ser importar de verdade, Juliana soube compreender os sentimentos do aluno que precisava de ajuda
Juliana conseguiu, ali, quebrar uma barreira invisível, mas muito forte, que impedia que Rafael se comunicasse de forma autêntica com os outros.
Ela continuou tendo diálogos com ele, e com isso ela descobriu algumas coisas.
Rafael passava a maior parte do tempo longe dos seus pais. Eles trabalhavam várias horas por dia, e durante toda a sua vida não se sentiu verdadeiramente amado por eles.
Ele ficava com as babás. Quando se apegava a uma, ela trocava de trabalho. Não teve contato com tios, avós e primos, porque todos eram de outro estado.
Ele acreditava que era invisível para todos na escola e que era alguém que não merecia ser amado.
Por fora, Rafael era uma criança dura e áspera demais. No fundo, ele era frágil, carente de amor e atenção.
Com o passar do tempo, Juliana conversou com os pais dele e também continuou tendo conversas mais próximas com Rafael.
A professora de geografia também passou informações para todos os colegas da escola. Ela sabia que quando todos tivessem noção do porque Rafael agia daquele jeito, seriam mais compreensivos e pacientes.
E foi o que aconteceu. As pessoas mudaram um pouco a abordagem das conversas com Rafael, enquanto ele também cedia, já que não queria decepcionar Juliana, a pessoa em que confiou nele.
Quando chegava em casa, Rafael até assistia aulas online sobre geografia para ter mais do que falar com Juliana. ‘Estou muito orgulhosa de você, Rafael. Vejo que com seu potencial, você pode conseguir o que quiser.’
No fim do ano, ele apresentou um trabalho para toda a turma sobre energia renovável e foi aplaudido de pé por toda a turma.
Veja também: A forma mais autêntica de enfrentar o bullying nas escolas
Deixe que os alunos sigam suas paixões
Já experimentou realizar uma dinâmica com os alunos para entender o que eles mais gostam? Seria bom conhecer as músicas que ouvem, os canais no youtube que acompanham, podcasts, games e tudo mais.
Conhecendo bem o perfil de consumo e comportamento dos jovens e crianças, seremos mais capazes de pensar em atividades e abordagens que de fato consiga engajamento deles.
Por exemplo, todos sabemos que a leitura é um hábito transformador.
E que se este hábito for criado na infância, as chances de persistir para o resto da vida são muito boas. Os benefícios deste hábito são numerosos.
Mais conhecimento, imaginação, criatividade, cultura e bem-estar.
Por que não começar a incentivar o hábito pedindo que cada um deles leia um livro ligado ao assunto que mais gostam?
Depois que lerem, que eles preparem uma apresentação de no máximo 20 minutos, trazendo os principais aprendizados.
Os resultados de uma atividade como essa podem ser surpreendentes.
Ao estimular que os alunos sigam suas paixões e tenham projetos ligados aos seus gostos, a escola consegue fazer com que eles realmente se engajem e busquem aprendizado.
Vamos listar aqui algumas das atividades que podem transformar pessoas.
Basta que uma criança descubra uma dessas paixões, e podem ter certeza que vão descobrir pelo menos uma, que a visão deles com a educação pode ser transformada.
Como disse o especialista em criatividade Sir Ken Robinson, as escolas atuais educam todos os alunos como se eles fossem se tornar professores universitários. Com todo respeito que merecem os professores, mas o mundo é muito mais diverso com isso.
E sem refletirmos toda essa pluralidade e diversidade na educação, perdemos muito tempo e perdemos grandes presentes. Abaixo, alguns exemplos de como sua escola pode explorar diversos talentos e habilidades.
Dança
Esportes
Teatro
Música
Desenhos
Games
Livros
Séries
Filmes
Quadrinhos
Pintura
Ciência
Artes
Literatura
Finanças
Matemática
Culinária
Poesia
Moda
Arquitetura
Programação
Geografia
Geologia
E aí, pronto para usar a diversidade a favor da sua escola?