Ninguém realmente esperava tudo que aconteceu em 2020. O distanciamento social obrigatório, as aulas remotas, todas as dificuldades no enfrentamento da pandemia, são vários os desafios enfrentados.
Como diz o escritor e investidor de sucesso Nassim Taleb, no caos podemos nos mostrar frágeis, robustos ou antifrágeis.
Frágil é o que não resiste a pressão. O robusto é o que suporta as adversidades. O antifrágil é o que, além de resistir à pressão, se beneficia do caos e se torna melhor com ele.
Muitos educadores, alunos, pais e escolas vão se beneficiar deste momento, mesmo que tenham passado por muitas dificuldades. Estes são os antifrágeis, porque além de resistir às dificuldades, vão ter incorporado aprendizados que deram mais sabedoria, disciplina e preparo para lidar com as adversidades.
Vamos elencar aqui então alguns dos grandes aprendizados que podemos ter neste momento.
Para que essas lições de fato se espalhem e não seja algo restrito a pequenos grupos, precisamos que mais pessoas se engajem na educação.
Por isso, seja em seu grupo de amigos e na sua família um influenciador positivo. Seja alguém que de fato busque espalhar ideias positivas para melhorar a educação.
Todos estamos cansados de repetir o clichê que “o problema do nosso país é a falta de investimento em educação,” mas esse disco está mais do que arranhado.
O problema principal não é o dinheiro. Nossa principal lacuna é a falta de envolvimento e real compromisso de TODOS com a educação.
É hora das pessoas pararem de esperar um político mágico transformar a nossa educação e começarem com ações. As ações podem ser pequenas no início, mas depois tornam-se um hábito e podem viralizar.
Vamos ser influenciadores da educação?
Voltemos ao tópico principal, sobre as principais lições que podemos extrair deste momento.
1 – A capacidade de ter foco: uma das principais habilidades que devemos focar em desenvolver
Se você parar para conversar com os familiares, vai ver que existe uma percepção bem diferente entre pais de crianças ou jovens disciplinados, e responsáveis por alunos que não conseguem ter muito foco.
Quem tem foco e capacidade de concentração, consegue estudar e aprender mais em diferentes formatos, e tem mais facilidade para se adaptar a situações novas.
Alunos que não conseguem focar veem seu rendimento cair de forma exponencial no período de distanciamento social, porque estão sempre presos em distrações como o celular ou os games.
É importante que a sua escola, em parceria com os pais, atue para que os alunos desenvolvam bons hábitos que levem a um maior poder de concentração. As práticas de meditação e atenção plena podem ajudar muito.
Uma dica importante para ter foco é procurar fazer uma tarefa de cada vez. A técnica Pomodoro, que consiste em ficar 25 minutos focado só em uma atividade, pode ajudar bastante.
Um exercício prático pode nos ajudar a entender a importância do foco e de não ficarmos alternando em diferentes atividades ao mesmo tempo.
Vamos escrever os números de 1 a 10 e as letras do alfabeto de A ao L.
Primeiro, devemos escrever , os números com as letras. Por exemplo, 1, a, 2, b, 3, c…
Depois, você vai fazer de forma separada, 1, 2, 3, 4… e A, B, C, D… Você vai gastar muito menos tempo fazendo de forma separada do que as duas diferentes atividades ao mesmo tempo.
Isso porque misturar os contextos das atividades bagunça a mente e atrapalha o foco.
Por isso, estimule alunos a ter horários fixos para cada atividade e ter um tempo de descanso. Smartphones podem ficar distantes ou desligados, se existir dificuldade em ceder a tentação de usá-los.
Ter foco é saber eliminar os desperdícios de tempo, ter clareza sobre o que precisa ser feito em cada instante e conseguir ser produtivo no que se propõe a fazer.
2 – Inteligência emocional: a capacidade de se sentir bem em meio ao caos
O ser humano já esteve em momentos ainda mais difíceis que o atual. Agora, o principal problema de uma parcela significativa das pessoas é o tédio.
Colocar os problemas sob perspectiva é importante, Como disse o Leandro Karnal, enquanto a classe média sofre de tédio, os pobres sofrem com a fome.
É muito triste quando pensamos que para outra grande parte é a fome e o desemprego, por isso sempre devemos ajudar porque ainda vivemos em um mundo assustadoramente desigual.
O fato de existir tanto sofrimento exige que o cuidado com a saúde mental tenha que ser ainda maior. Afinal, as preocupações aumentam na mesma medida que as possibilidades de escapar dessa realidade diminuem.
Mas, se estamos falando sobre sair melhores depois que tudo isso passar, devemos focar agora em desenvolver nossa inteligência emocional.
Quanto mais o tempo passa, mais estudos mostram que a inteligência emocional melhora muito desempenho no trabalho, nos estudos, além dos outros óbvios benefícios.
Um pesquisador de Harvard apontou que para a pessoa ter inteligência emocional, ela deve ter:
✔️ Autoconhecimento
✔️ Autogestão
✔️ Consciência social
✔️ Saber gerenciar bem seus relacionamentos
É possível ajudar os alunos a desenvolver esses aspectos com exercícios e discussões sobre estes assuntos, assim eles começam a se sentir mais à vontade para expressarem seus sentimentos.
É importante tentar identificar os pontos fracos e que se sintam confortáveis para falar sobre eles.
É importante também aceitar que na vida estamos sempre sujeitos às mudanças e imprevistos. O atual cenário, com o surgimento da Covid, é um bom exemplo disso.
Tentar entender bem o contexto de cada situação ajuda a adaptar as estratégias e prioridades de acordo com o que é mais importante em cada momento.
Ter uma postura positiva também é algo que ajuda muito. Se sempre estamos focando no que de pior pode ocorrer, perdemos as oportunidades de verem coisas positivas acontecendo.
Se ver como um agente de mudança positiva na vida das pessoas vai te trazer satisfação e mais força para ajudar os alunos a serem mais motivados, inspirados e emocionalmente fortes.
Como qualquer outra habilidade, a inteligência emocional pode ser desenvolvida.
3 – Uso de tecnologias que permitem mais produtividade
A verdade é que as escolas mais maduras no uso da tecnologia foram as que menos sofreram neste momento.
Já tinham uma comunicação ágil com pais e alunos, por meio de tecnologias próprias para o relacionamento virtual. Os educadores já estavam adaptados a usar diferentes tipos de tecnologia e os alunos já tinham muitos recursos para estudar em casa.
Quanto mais madura tecnologicamente for a escola, menor foi o impacto.
O quanto a sua escola está madura no uso da tecnologia?
Independente da resposta, sempre há tempo para se adaptar e evoluir. Negar a importância que a tecnologia pode ter não é mais possível, logo, analise todo o contexto da escola.
Pense no aspecto pedagógico, financeiro, gerencial, na forma de se relacionar com os pais e alunos, você tem as tecnologias para ajudar a aumentar a qualidade do trabalho?
Como disse Steve Jobs, a tecnologia sozinha não é nada. Mas com boas ferramentas as pessoas podem fazer coisas maravilhosas. Ela serve para potencializar o que fazemos de bom.
Selecione as pessoas na escola que mais entendem sobre tecnologia, e use elas como referências para o assunto. Deixe que elas sejam promotoras das ferramentas com os demais educadores, ajudando-os com todas as dúvidas.
Afinal, não basta adotar boas tecnologias, é necessário buscar constantemente otimizar o uso das soluções.
Veja também: A única coisa que todo educador precisa para ter a atenção dos alunos
4 – Saber aproveitar mais os pequenos momentos
Saudades daquele café da tarde com a família toda a reunida na casa dos avós?
Sente falta de sentar com os colegas da escola e falar de seus assuntos preferidos?
Se parar para notar os momentos em que mais sente saudades nessa época de distanciamento, vai perceber que os momentos simples são os que se destacam.
Podemos sair dessa sabendo aproveitar melhor os momentos em que passamos com nossos amigos, colegas de trabalho e familiares.
Será que vale mesmo ficar no smartphone a maior parte do dia enquanto estamos com as pessoas que amamos?
Será que não seria melhor estar no momento presente enquanto estamos com os indivíduos que nos fazem bem?
Que saibamos aproveitar bem os momentos que nos fazem felizes, e que se tornaram bem mais raros neste momento.
5 – Ter relações mais ricas com a família
Muitos dos que ficaram em casa nessa quarentena puderam redescobrir a relação com a família.
Passavam muito mais tempo trabalhando do que com os filhos ou cônjuge.
Não precisamos esperar alguém ficar doente para entender o valor que as relações familiares têm para a nossa real felicidade.
Não faz sentido nos sacrificarmos no trabalho ou nos estudos para dar melhores condições para a família se não damos aquilo que é mais importante e raro: tempo.
O tempo vai passando, vamos envelhecendo, o relógio vai contando e, pode ser duro falar, mais ficamos mais próximos de deixar este mundo. Amamos o suficiente hoje? Desfrutamos o suficiente a companhia da nossa família hoje?
Que possamos ter aprendido a ter relações mais ricas com nossos familiares, para que de fato não sobre arrependimento depois.
E que os alunos também possam ter criado relações mais ricas com os seus pais, porque isso terá fortalecido a inteligência emocional deles.
6 – Uso mais consciente da tecnologia: Ser mais ativo do que reativo
Pegar o smartphone para olhar as horas, e ficar 30 minutos no facebook, quem nunca?
Ninguém nega o tanto que as redes sociais são boas para prender nossa atenção. No entanto, não dá para negar também que as às vezes deixamos de estar no controle para nos tornarmos dependentes dela.
Para a nossa saúde emocional, é importante que a gente determine bem o que vamos fazer com a tecnologia, e não o contrário.
Se não, como ter foco sobre o que precisamos fazer?
Não podemos ser apenas espectadores das redes sociais, precisamos ter uma postura ativa, com prazos focos claros do tempo que queremos dedicar para cada atividade, seja virtual ou não.
Escolher bem os conteúdos que vamos seguir e nos atentar para não contribuirmos para as redes de fake news são boas práticas que devemos buscar.
7 – Novas formas e meios de aprendizado
Se continuarmos com a mentalidade que o aprendizado só pode ocorrer dentro da sala de aula, perdemos oportunidades.
Temos hoje novas possibilidades que permitem uma riqueza muito maior no aprendizado.
Seja aprender de um modo gamificado, por livros, ebooks, aulas online, podcasts, são infinitos meios e a tecnologia abriu novos horizontes que até então estavam sendo pouco explorados pela escola.
O educador pode, hoje, ter mais um papel de mentor, de alguém que ajuda os alunos de uma forma mais personalizada, do que simplesmente alguém que fica todo o tempo transmitindo o que sabe.
Temos agora tecnologias que permitem que a educação vá mais longe.
Alguns exemplos interessantes são o aplicativo Duolingo, onde os usuários aprendem novos idiomas por meio de jogos.
O aplicativo Mimo mostra como aprender programar pode ser algo simples e prazeroso. Em jogos simples e intuitivos, os exercícios vão progredindo conforme o desenvolvimento de cada usuário.
O Game Arkos é uma plataforma de perguntas e respostas sobre os livros que você leu. E a cada dia surgem mais ferramentas que permitem que educadores e alunos elevem o resultado da educação.
Será que estamos aproveitando todas essas oportunidades trazidas pela tecnologia?
Que possamos de fato ter aproveitado o momento desafiador para repensarmos a escola, a sociedade e o modelo de educação.
Se buscarmos inovar mais e acreditar ainda mais na tecnologia e em nossas melhores habilidades como seres humanos, podemos ir mais longe.
Tem alguma sugestão ou algum outro aprendizado que gostaria de compartilhar? Comente abaixo ou nos envie um email para contato@marketingedu.com.br.